Reservas de pousadas já são remarcadas e canceladas, segundo representante do segmento, enquanto os turistas que frequentam as barracas de praia repensam se voltarão a visitar Fortaleza nas próximas estações de férias.(Diário do Nordeste)
Foto Eduardo Queiroz
Quem está planejando as férias no Ceará nos próximos meses já está reavaliando a vinda para o Estado, após os episódios de violência dos últimos dias. Os ataques fizeram com que alguns turistas remarcassem a data da viagem ou mesmo cancelassem a vinda para o Ceará. Segundo o presidente da Associação dos Meios de Hospedagem e Turismo (AMHT), Aldemir Leite, muitos clientes ligam para os hotéis de Fortaleza para realizar alguma redefinição de reserva ou para ter mais informações sobre o que está acontecendo.
"Alguns turistas têm cancelado suas viagens para cá, outras pessoas têm desistido de vir, e muitos têm ligado e perguntado como está a situação realmente. Eles ligam para saber. A gente tenta passar para os turistas que esse problema não é na parte litorânea e nem na região hoteleira da cidade, mas as pessoas ligam preocupadas", avalia, temeroso com o reflexo disso para os negócios do trade turístico.
Ainda de acordo com ele, a ocupação dos hotéis nesta época do ano varia de 80% a 85%. "A gente está atualmente com 60% a 65% de ocupação. A queda que a gente está tendo este ano é muito por conta desta questão da violência, então, tem prejudicado muito o turismo. Quem está aqui vendo essa situação diz que não quer mais voltar", completa.
Segundo Leite, os agentes da Força Nacional, enviados pelo Governo Federal para reforçar a segurança do Estado, estão ocupando cerca de 15% dos apartamentos dos estabelecimentos associados à AMHT. "Quem está nos ajudando a melhorar a nossa ocupação são os homens da Força Nacional. Não está compensando o prejuízo, mas já é uma ajuda", desabafa.
Barracas de praia
Os estabelecimentos da Praia do Futuro também sentiram o movimento cair nos últimos dias. A presidente da Associação dos Empresários da Praia do Futuro, Fátima Queiroz, conta que muitos turistas voltam para os hotéis mais cedo do que o normal.
"Nós sentimos uma baixa na quinta, no sábado, mas domingo já teve uma reação. Tivemos um movimento bom nesse domingo, mas de quinta à noite até sábado, durante o dia, foi ruim. Na quinta, tivemos uma queda de 40% e no sábado de 30% no movimento geral", acrescenta.
Segundo ela, os turistas comentam os acontecimentos dos últimos dias. "Eles dizem que é ruim escolher um destino assim de férias e se deparar com essa situação. Há, sim, comentários de insatisfação e de preocupação. Mas não vi ninguém dizendo que ia embora por causa disso", conta.
Fátima informa ainda que os estabelecimentos dobraram o número de funcionários que dão apoio à segurança nas barracas, para que fiquem "atentos aos movimentos estranhos". Sobre a falta dos funcionários ao trabalho, a presidente da Associação reitera que não houve problemas deste tipo para os proprietários das barracas.
Prejuízo
Para o presidente da Associação Brasileira de Agências de Viagens do Ceará (Abav-CE), Colombo Cialdini, os prejuízos para o turismo cearense são incalculáveis e mancham a reputação do Estado.
"As pessoas estão preocupadas. Isso tudo tem uma repercussão nacional e internacional. É óbvio que essas notícias têm uma agenda negativa, é péssimo para o Ceará em todos os setores. O turismo é impactado sim, e ele tem a prerrogativa fundamental que é a segurança pública. Quem é que quer ir passear, ter um lazer, tirar férias sem segurança pública? Quem já tinha tirado pacote está reavaliando, uma boa parte está vindo acreditando que as coisas devem entrar na ordem. É um prejuízo incalculável para o turismo. Quem está por decidir vir até o Carnaval vai reavaliar", analisa o presidente da Abav-CE.
Empresários do setor turístico da Capital demonstram preocupação com a reputação de Fortaleza após os ataques de violência no Estado. Todos temem pelas próximas datas, como Carnaval e Semana Santa, nas quais esperam manter o alto fluxo de turistas em seus estabelecimentos.