A juíza Maria do Perpétuo Socorro Ivani de Vasconcelos, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Parnaíba, em decisão do dia 21 de julho, pronunciou Francisco Jefferson da Silva Cruz, conhecido como ‘Anjo da Morte’, que é acusado de atirar no advogado André de Almeida Sousa e Silva, filho do presidente do Tribunal de Justiça, o desembargador Hilo de Almeida. 

André de Almeida foi baleado no olho durante discussão em um bar na Avenida São Sebastião, em Parnaíba, no litoral do Piauí, no dia 22 de março deste ano. Francisco Jefferson foi localizado e preso no dia 25 de março, junto com a sua esposa, Suzana do Nascimento Gomes, de 20 anos, que estava grávida de 8 meses. Suzana chegou a ser solta, com o cumprimento de medidas cautelares, mas Francisco Jefferson teve a prisão convertida em preventiva no dia 27 de março e segue preso desde então.

Segundo o Ministério Público Francisco Jefferson deve responder pelo crime de tentativa de homicídio qualificado por motivo fútil, com emprego de meio cruel, e com recurso que tornou difícil a defesa da vítima. O órgão ministerial afirmou que o crime ocorreu após uma discussão.

“Conforme o apurado, André tentou abrir a porta do banheiro para urinar, todavia, já estava ocupado por Francisco Jefferson, que fechou a porta. Diante disso, a vítima se afastou e urinou fora do banheiro, atrás de uma planta, o que causou indignação de Ana Caroline e Jordania, que passaram a xingá-lo. Por sua vez, a vítima voltou para a mesa em que estava, sendo seguido pelas mulheres, ocorrendo outra discussão, que culminou na tentativa de agressão delas contra André. Contudo, Francisco Jefferson se aproximou e empurrou a vítima, naquele momento, ocorrendo uma brevíssima luta corporal. Todavia, abruptamente, o ora denunciado sacou de uma arma de fogo e efetuou um disparo contra André, em seu rosto, que caiu ao chão, despejando grande quantidade de sangue”, disse o MP na denúncia.

Foto: Arquivo Pessoal 

Segundo o MP, o crime ocorreu por motivo fútil. “O denunciado direcionou o revólver ao rosto da vítima, e apertou o gatilho pelo menos três vezes, com a evidente intenção de ceifar sua vida. Caracteriza-se como qualificadora se o crime é cometido por motivo fútil. Dessa forma, verifica-se que a ação delituosa deu-se em virtude de uma singela discussão em um bar, que poderia ter-se resolvido com uma simples conversa. Motivo este insignificante e desproporcional, que normalmente não levaria a um crime desta hediondez”, destacou. Consta ainda que o Francisco Jefferson é membro de uma facção criminosa e investigado por um homicídio. 

Na decisão a juíza entendeu que existem várias provas para que o caso seja encaminhado ao Tribunal Popular do Júri. “Existem indícios suficientes da autoria, em princípio, estão evidenciados pelas provas oral e documental, e assim, havendo indícios da autoria, a pronúncia se impõe, já que o momento processual adequado para se aferir o valor dos depoimentos, tratando-se de feito da competência do Júri, é o do ajuizamento perante o Tribunal Popular, uma vez não demonstrada, desde logo, a desvalia dos mesmos, de maneira incontroversa, pois se dúvida existe, cabe ao Júri dirimi-la”, apontou.

A juíza ainda determinou que o acusado deverá permanecer preso. “O acusado permaneceu preso em toda a instrução processual por força de mandado de prisão preventiva, não lhe tendo sido deferida a benesse da liberdade provisória por ainda estarem presentes as hipóteses autorizadoras da custódia preventiva”, destacou.

O crime

André de Almeida foi baleado durante discussão em um bar na Avenida São Sebastião, em Parnaíba, nas proximidades da UFDPar. O suspeito do crime, Francisco Jefferson da Silva Cruz, fugiu do local após efetuar o disparo que atingiu o rosto do filho do presidente do TJ. 

O advogado chegou a ser atendido no Hospital Estadual Dirceu Arcoverde (Heda), mas depois foi transferido de ambulância para o Hospital Universitário, em Teresina, onde passou por cirurgia.   

A prisão de Francisco Jefferson ocorreu no dia 25 de março, quando ele estava com a esposa Suzana do Nascimento Gomes tem 20 anos, que estava grávida de oito meses. Os dois afirmaram que são membros de uma facção criminosa.

Em depoimento a esposa alegou que ocorreu uma discussão entre a vítima e o seu marido, após o advogado ter supostamente xingado elas. “O André mandou o Jefferson calar a boca, levantou da mesa e deu um soco por trás da orelha do Jefferson. Depois disso, eu só escutei o tiro e vi a vítima caída no chão. Fomos embora em uma moto e nossas amigas em outra”, disse Suzana do Nascimento em depoimento.

Suzana foi solta ainda no dia 27 de março, após a Justiça determinar o cumprimento de medidas cautelares, já Francisco Jefferson permanece preso após ser decretada a prisão preventiva dele.

Já o advogado André Almeida foi atingido com um tiro no olho e ficou cerca de um mês internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital Universitário da Universidade Federal do Piauí (HU-UFPI). O Cidadeverde.com apurou que o olho esquerdo foi lesado de forma irreversível.

 

Bárbara Rodrigues
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