
Ostras contaminadas com óleo
caranguejos e siris estão contaminados com óleo
peixes também foram contaminados com óleo
As manchas de óleo que atingem o Nordeste e parte do litoral do Piauí, já prejudicam o mercado de pescado.
Os poluentes dificultam a ação dos pescadores e pesquisas já orientam que se evite comer produtos das regiões afetadas.
O ecossistema do Delta do Parnaíba, localizado entre os estados do Piauí e Maranhão, é um dos 14 que já foram afetados pelas manchas de óleo que aparecem no litoral do Nordeste.
A contaminação pode quebrar o ciclo de diversas espécies marinhas do litoral brasileiro, com impacto também socioeconômico nas comunidades que vivem no seu entorno.
Os primeiros sinais de óleo no Delta do Rio Parnaíba foram achados no dia 26 de setembro na Ilha dos Poldros, município de Araioses, no Maranhão. Uma tartaruga marinha foi encontrada morta na região.
No Delta, único das américas, o Rio Parnaíba deságua no Oceano Atlântico em cinco saídas para o mar: Barra do Igaraçu, das Canárias, Caju, Melancieiras e Tutoia.
Das 16 praias do litoral do Piauí, seis já foram atingidas pelas manchas de óleo que estão poluindo a costa da região Nordeste. Os dados são da Marinha. Os últimos registros aconteceram no dia 30 de setembro nas praias de Atalaia, Peito de Moça e Coqueiro - ambas em Luís Correia - e Pedra do Sal em Parnaíba. O primeiro caso foi registrado no dia 28 de setembro na praia do Arrombado, e no dia seguinte em Cajueiro.
O Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (UFBA) realizou uma pesquisa com 50 animais marinhos e detectou metais pesados em todos eles. No organismo humano, essas substâncias podem causar náuseas, vômito, enjoo, problemas respiratórios e arritmia cardíaca, entre outras consequências nocivas.
O professor Francisco Kelmo, da UFBA, explica que, assim que o óleo chega à costa, o material se deposita em rochas, areias e manguezais, que são onde mariscos, caranguejos, ostras e siris se alimentam. Quando esses animais filtram a água do mar, o petróleo entra no sistema respiratório. Em alguns casos, morrem por asfixia; em outros, o metal pesado se deposita no tecido. “Pela cadeia alimentar, esses metais pesados são transferidos para nós, o que é algo extremamente perigoso.” Como metais pesados não são excretados pelo ser humano, esses resíduos ficariam dentro do corpo pelo restante da vida.
Para ele, o cenário de contaminação de animais e da costa pode levar ao menos dez anos para ser revertido, “isso se todas as manchas forem retiradas”, até as que ficam por baixo da superfície. Um estudo detalhado será lançado nesta sexta-feira.



