23 dezembro, 2021
Os docentes da Universidade Federal do Delta do Parnaíba em decisão em Assembleia da ADUFPI – Regional Parnaíba tornam público à sociedade parnaibana e piauiense a falta de transparência da Reitoria da UFDPar na condução das ações e viabilidade do plano de retorno às atividades presenciais no campus.
Diante do quadro da pandemia no Brasil e o avanço da vacinação pelo país, apesar da inércia do governo federal, é o desejo dos docentes da UFDPar o retorno gradual e seguro de suas atividades laborais no formato presencial. Após quatro períodos letivos em formato remoto é visível o cansaço gerado pelas longas horas de trabalho realizadas diante de uma tela de computador e por dispositivos móveis. As dificuldades impostas pelo novo formato de ensino, em caráter remoto, foram superadas pelos esforços individuais dos docentes, pois estes não receberam nenhum tipo de apoio por parte da instituição ou do governo federal para se adaptarem à repentina e nova forma de exercer a docência. Mesmo tendo que adaptar espaços domésticos em uma estrutura mínima para preparar, realizar e transmitir suas aulas, exigindo a aquisição de seus próprios equipamentos e o custeio de todas as despesas para realização do trabalho, compreendendo a excepcionalidade exigida pelo momento, os docentes não mediram esforços para manter em funcionamento tudo aquilo que era permitido ser realizado à distância.
No dia 25 de novembro de 2021 foi aprovado no Conselho Universitário o Plano de Retomada de Atividades Presenciais na UFDPar, que trata de um protocolo de biossegurança orientador e com procedimentos previstos para o retorno gradual e seguro das atividades presenciais. No entanto, a administração superior da UFDPar não apresentou, até o presente momento, nenhum plano para executar as ações apontadas no referido plano. A UFDPar conta com mais de 4 mil alunos matriculados, cerca de 300 professores e 80 técnicos-administrativos, além de pessoal terceirizado e a comunidade externa que visita os espaços do campus diariamente. Trata-se de um contingente populacional oriundo de várias localidades do país, em meio a diferentes realidades e necessidades sócio-sanitárias, que ao se deslocar para o município de Parnaíba vai exigir uma cuidadosa preparação das instalações e organização dos espaços da universidade. Mas sem a Reitoria apontar de forma transparente quais serão as medidas tomadas para preservar a saúde da comunidade universitária e para população do município de Parnaíba, tememos pelo pior no retorno que se anuncia para o ano de 2022. Como será organizado e controlado o acesso nas dependências da universidade, especialmente nas salas de aula e espaços de laboratórios? Como será garantido a execução do plano de ventilação sem comprometer as condições de realização das atividades acadêmicas e o bem-estar nas salas de aula compostas, quase sempre, com mais de 40 ou 50 estudantes, por disciplina? Como será organizada a ocupação das áreas comuns? Como será garantida a higienização dos espaços do campus? Será exigido o comprovante de vacinas daqueles que transitam pela universidade? Enfim, há um planejamento para a execução das adaptações indicadas no plano/protocolo de biossegurança para o retorno gradual das atividades presenciais? Qual o cronograma e os recursos previstos a sua garantia? São exemplos de perguntas que ainda esperam por respostas e não o silencio e a falta de transparência com que a Reitoria da UFDPar tem tratado tais questões e outras relacionadas à assistência para a permanência de estudantes na universidade.
No dia 06 de dezembro de 2021 também foi aprovado pelo Conselho de Ensino Pesquisa e Extensão da UFDPar, minuta de resolução que regulamenta a oferta de componente curricular presencial. Segundo o documento apenas os “Componentes Curriculares que correspondem a estágios obrigatórios e atividades práticas que exijam o uso de espaços específicos ou laboratório de ensino especializado” poderão ser realizados presencialmente.
O público discente atendido pela UFDPar, em sua maioria, é de baixa renda, tendo sua condição econômica rebaixada ainda mais durante a pandemia, sendo que muitos estudantes não têm mais suas moradias em Parnaíba. O retorno de algumas atividades isoladas pode causar ainda mais transtornos a esse público, pois arcar com a manutenção de uma residência na cidade para realizar algumas atividades vai excluir grande parte de nosso alunado do processo formativo, por falta de planejamento e diálogo com a comunidade acadêmica. Imaginem um discente tendo que montar toda uma estrutura para residir em Parnaíba para realizar presencialmente apenas os estágios profissionais enquanto realiza as demais atividades no formato remoto e, ainda, sem poder contar com o Restaurante Universitário, que está em vias de ser entregue à iniciativa privada.
A administração superior precisa apontar um plano que contemple atividades presenciais, mas que atenda as demandas da comunidade discente e ao mesmo tempo preserve a saúde da comunidade universitária e local. Os colegiados de curso, compostos por professores e representação estudantil de cada curso de graduação da UFDPar estão com dificuldades em ofertar componentes curriculares presenciais, pois não têm subsídios necessários para decidir o futuro da vida discente.
Os docentes da UFDPar estão seguros de que a realização de atividades remotas ao longo dos anos de 2020 e 2021 foram necessárias para manutenção de vidas, no entanto, estamos esgotados após as experiências vividas com as atividades não presenciais. Do mesmo modo, os discentes têm manifestado ao longo das aulas remotas inúmeros impactos desse modelo de ensino em seus percursos formativos. Assim, exigimos ações mais transparentes por parte da administração superior da UFDPar, ampliando o debate acerca do retorno das atividades presenciais para que possamos construir coletivamente a retomada gradual das atividades pedagógicas presenciais de modo a atender as demandas da comunidade e sem colocar em risco a saúde da população.
Fonte:
Coordenação da ADUFPI
Regional Parnaíba