A proposta de criação do Ecomuseu Delta do Parnaíba é uma iniciativa do Programa de Pós-graduação em Artes, Patrimônio e Museologia da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) em parceria com o Instituto Chico mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e tem como objetivo ser um instrumento de desenvolvimento local sobre o território com articulação entre elementos humanos e patrimoniais. Congrega uma rede de atores sociais, locais; envolve empresas públicas, privadas e sociais, em prol do bem-estar das comunidades, sendo instrumento de mobilização e educação das pessoas, para que conheçam e valorizem os seus patrimônios, as suas tradições, os seus elementos naturais e a sua cultura que devem ser compartilhadas com outros territórios.
O sociólogo Fernando Gomes (ICMBio) em sua conclusão de mestrado na UFDPar desenvolveu sua dissertação sobre o desafio de conceber o espaço da APA Delta do Parnaíba como um Ecomuseu, museu entendido como fórum de debates e de conquistas cidadãs. A sua pesquisa foi para institucionalizá-lo e constituí-lo como espaço que deve estar a serviço das populações deste vasto e diverso território, fazendo-o desempenhar sua função social e política enquanto estratégia conservacionista.
Para Fernando, “a responsabilidade do museu no mundo de hoje é ser um agente ativo de transformação social, oferecendo um suporte indispensável aos programas de desenvolvimento”. A evolução desses conceitos traz então novos horizontes e desafios para a reflexão sobre as relações entre museologia, ambiente integral, patrimônio e desenvolvimento sustentável – não apenas como linha filosófica, mas como proposta ética.
O território da APA Delta do Parnaíba apresenta uma realidade complexa e marcada por contradições. Por um lado, possui belezas naturais únicas, como os ecossistemas de manguezais, dunas, praias e ilhas, que conferem uma riqueza ambiental notável à região. Esses elementos naturais são importantes não apenas do ponto de vista estético, mas também para a preservação da biodiversidade e para o equilíbrio dos ecossistemas. Por outro lado, é evidente que boa parte da população enfrenta condições de pobreza extrema. Essa realidade socioeconômica desafiadora pode ser resultado de diversos fatores, como a falta de acesso a oportunidades econômicas, a baixa infraestrutura, a escassez de serviços básicos e a desigualdade social.
Os avanços na deterioração do meio ambiente, desse território, com a consequente baixa nos níveis de qualidade de vida humana, sem canais efetivos onde estes possam ser discutidos e enfrentados tem levado o poder público e a sociedade à necessidade de enfrentamento da questão que ruma para a construção de um pacto que abra espaço para um novo modelo de gestão centrado na participação coletiva. O Ecomuseu é esse canal.
No que pese a importância da biodiversidade local, seus atrativos naturais, localização geográfica estratégica e as enormes potencialidades econômicas, como a agricultura irrigada, a piscicultura, o ecoturismo, o turismo de base comunitária, as gestões locais não têm investido em novas estratégias para o desenvolvimento sustentável. Fernando Gomes mostra que o planejamento integrado pode reverter o quadro de pobreza e degradação ambiental do território, diz ele: “O Ecomuseu Delta do Parnaíba tem o potencial de ser um catalisador para uma nova forma de pensar e agir diante dos desafios socioambientais, estimulando a transição do atual modelo de desenvolvimento para uma abordagem integrada que leve em consideração tanto as necessidades humanas quanto a conservação do meio ambiente. O Ecomuseu pode ser um local de reflexão e diálogo, reunindo diferentes atores sociais, como moradores locais, especialistas, pesquisadores, organizações da sociedade civil e autoridades governamentais apontando um novo pensar e agir coletivos”.
ASCOM FG
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