Na guerra contra leucemia, Caio deu exemplo de superação; veja história

 No início da manhã ele foi acometido por uma insuficiência respiratória, e não resistiu
Foram mais de seis anos de lula pela vida. Uma história que começou com uma tag na internet, o #ajudeCaio. Virou uma campanha, virou mobilização, missão de vida para alguns. Comoveu, e neste domingo, emocionou. O menino Caio Augusto Rodrigues Pereira, que acabara de completar oito anos, morreu no Hospital Unimed Teresina, em consequência da leucemia, que tratava desde pequeno. No início da manhã ele foi acometido por uma insuficiência respiratória, e não resistiu.
No último post feito por sua mãe, Lara Rodrigues, no Facebook, Caio aparecia em mais uma sessão de transfusão, frequente nos últimos meses. Ela agradecia aos amigos pelas mensagens de parabéns ao filho e, mais uma vez, pedia doações para as transfusões de Caio. Ela avisava que o menino estava internado para controle da dor. E o melhor presente de aniversário, Lara pedia: "Ele está precisando de doações de sangue e plaquetas. Seu tipo sanguíneo é O+ mas para plaquetas não temos obrigatoriedade de compatibilidade sanguínea. Dessa forma, a doação de sangue de qualquer tipo sanguíneo será válida e muito bem vinda".
Mesmo depois de dois transplantes, conseguidos com muita dificuldade - que envolveu inclusive uma batalha judicial contra a Unimed - o câncer de Caio voltava.

Última imagem do filho postada por Lara Rodrigues. Ela comemorava o aniversário do filho e pedia doações.
Em um texto escrito por Lara, ao contar como descobriu a doença do filho, ela relatou o difícil momento que "lhe fez perder o chão". Foi em 2010, quando Caio tinha apenas dois anos. "Começou a apresentar uma palidez intensa e, ao levá-lo ao pediatra, o mesmo exames com urgência. Imediatamente fomos ao laboratório, já era noite. Como entramos pela urgência, resolvemos esperar ali mesmo o resultado dos exames. Em pouco tempo recebemos o resultado da maioria dos exames, mas faltava sair o mais importante – o hemograma. Aflita perguntei o que havia acontecido e o bioquímico apareceu para conversar comigo e perguntou: “O hemograma é desta criança?” Já passava das 22:00 hs e Caio estava ali comigo. Ele brincava, correndo e pulando. Então o bioquímico disse: “Este exame não pode estar correto! Se estivesse essa criança não estaria aqui pulando. Estaria em uma UTI com uma grave leucemia”. Naquele momento o mundo parecia estar caindo aos meus pés. Então, repetimos o hemograma. Fui orientada pelo pediatra Dr. Carlos Leonardo a levá-lo para casa e, ao amanhecer, ele indicaria uma hematologista. Voltei para casa. Estava sozinha pois Léo, meu marido, estava em Fortaleza (CE) em um curso. Aflita, comecei uma pesquisa na internet. Após ler bastante eu não tinha dúvidas ... Caio estava com leucemia ..."

Foto da família Rodrigues é usada na capa do Facebook de Lara
A guerra contra a doença começou em junho de 2010. Logo nos primeiros meses de tratamento, o menino se tornou um paciente de alto risco. Após os dez primeiros meses, Lara decidiu engravidar, achava que um irmão seria bom para Caio. "Infelizmente, em uma conexão de vôo, perdi o meu bebê. Caio ficou muito triste. Ele fazia muitos planos com o tão esperado irmão. Tentando explicar o que havia acontecido, Caio concluiu: 'Mamãe, meu irmão virou uma bortoletinha e voou para o céu. Vou pedir para o Papai do Céu colocar outro irmãozinho na sua barriga'. Assim que fui 'liberada', mais um vez engravidei. Em 12 de abril de 2012, nasceu o nosso Leozinho. Caio ficou muito feliz!!!", ela relata.

São muitos os registros de Caio com o irmão, Leozinho. Muitas as demonstrações de companheirismo.
Quando a família de Caio esperava pelo fim do tratamento, em 2012, mais uma vez a notícia da volta da doença. O transplante seria a solução. O pequeno Leo, uma esperança. Era 100% compatível com o irmão. Caio acabou passando por dois transplantes.
Foram idas e vindas da doença. Quando voltava, era mais agressiva. Na luta contra a leucemia a família passou por Fortaleza, São Paulo, Teresina, Estados Unidos, Roma. Sempre com uma esperança, inclusive a chance de participar de uma pesquisa. Lara se licenciou do emprego de bancária, recebendo auxílio do INSS. O pai de Caio, Leonardo Augusto, deixou de lado o emprego como advogado para se dedicar ao filho.

Recentemente o pequeno fez um pedido para a mãe: comer um caranguejo.
Todo o drama do menino pedia ser acompanhado pelas redes sociais, seja na página de Lara, ou na fan page Ajude Caio. Para muitos, ficou o exemplo de luta do garoto que dava lições de vida, mesmo vítima de uma doença tão agressiva.
No velório de Caio, muitas palavras para tentar preencher o vazio deixado pelo sorriso do menino, que mesmo em dias de dor, transparecia esperança. Padre Tony Batista comandou as homenagens. Segundo ele, o importante não era saber o porquê da partida do pequeno, mas entender sua missão junto da família e dos amigos, ensinando milhares de brasileiros a serem mais solidários. Caio veio ao mundo com um objetivo. Ele cumpriu a sua missão.

Mesmo em dias de dor durante o tratamento, Caio tinha sempre um sorriso no rosto.
Hoje foram muitas as homenagens ao menino, que não caberiam em uma matéria só.

Por Apoliana Oliveira
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