Dezesseis dias se passaram desde que a travesti Dandara dos Santos, de 42 anos, foi agredida até a morte no bairro Bom Jardim, em Fortaleza (CE). Uma violência que ficaria na invisibilidade, não tivesse se tornado público o vídeo que registra a ação criminosa e que viralizou nas redes sociais, com repercussão nacional ao longo do dia de ontem. Até agora ninguém foi preso
Suba, suba! Não vai subir, não?!”, bradam agressivamente três homens, que aparecem no início do vídeo, enquanto Dandara, sentada ao chão, mal consegue se mover. Eles querem que ela suba num carro de mão. Ela chora. “Sobe logo! A ‘mundiça’ tá de calcinha e tudo”, zomba outro que filma.
Uma sequência de ofensas de gênero, chutes, tapas, golpes com madeira. A maioria mira a cabeça, já com muito sangue. Dandara tenta subir no carro de mão, sem conseguir. Até que os algozes a levantam e a jogam no carro de mão. Ela morreu no último dia 15 de fevereiro.
Pelo menos cinco jovens aparecem no vídeo com 1 minuto e 20 segundos de tortura, que circula na internet.
A investigação
Segundo o titular do 32º DP (Bom Jardim), delegado Bruno Ronchi, os envolvidos no crime foram identificados, mas ainda não foram presos. Além das pessoas que participaram do vídeo, outros criminosos são apontados como responsáveis pelo homicídio. O delegado diz que aguarda o poder judiciário. “Dois dias depois do crime recebemos o vídeo e buscamos a identificação. Não foram somente as pessoas que estavam no vídeo. Era necessário apurar o homicídio em si. Houve detalhes do crime que precisaram ser esclarecidos”, relata.
Bruno Ronchi afirma que o caso não estava sendo amplamente divulgado para não prejudicar as investigações e a viralização do vídeo é prejudicial, pois os autores têm acesso fácil ao material e fogem. Segundo o delegado, os envolvidos são adolescentes que já têm passagem pela Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) e são conhecidos por atos infracionais violentos no Grande Bom Jardim.
Moradores do Conjunto Ceará, onde Dandara morava, afirmavam revolta e tristeza ontem, nas redes sociais. Diziam que Dandara era figura carismática no bairro, frequentadora do Polo de Lazer.

Fonte: O Povo