Ex-governador do Piauí recebeu R$ 100 mil do departamento de propina da Odebrecht, segundo delator
Por Rômulo Rocha - De Brasília
VEJA COMO SE DEU O PEDIDO, SEGUNDO O DELATOR
Um dos delatores da lista do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Edson Fachin, José de Carvalho Filho, do Grupo Odebrecht, informou que o ex-governador Hugo Napoleão entrou em contato com um outro membro do grupo, Cláudio Melo Filho, que por sua vez acionou João Pacífico, da construtora Norberto Odebrecht, conseguindo por fim ver liberados R$ 100 mil através do departamento de propina, numa intrínseca arquitetura de liberação de dinheiro construída para conseguir o apoio de homens públicos em áreas de interesse do grupo empresarial.
Ao Ministério Público Federal, acompanhado dos seus advogados, José de Carvalho Filho afirma que o dinheiro repassado ao ex-governador – que segundo outra delação, já teria recebido R$ 100 mil via caixa 2 na campanha de 2010 –, visava demandas futuras. O chamado toma lá, dá cá.
“Ele já tinha perdido um mandato, foi candidato agora (2014). Ele solicitou apoio a Cláudio Mello, Cláudio Mello direcionou esse apoio a João Pacífico. E o João Pacífico autorizou R$ 100 mil a Hugo Napoleão”, narrou.
VEJA ALGUNS TRECHOS DA DELAÇÃO
MPF: O senhor sabe me dizer se o senhor Hugo Napoleão defendeu algum interesse da Odebrecht?
José de Carvalho Filho: Não. Me lembro muito bem, quando ele foi ministro da Educação. Mas eu não tinha nenhuma relação...
MPF: O senhor o conhece?
José de Carvalho Filho: Conheço. Tive a oportunidade, quando ele era ministro da Educação. (...) Um contato pessoal.
MPF indaga se a doação previa contatos futuros para realizações de demandas da Odebrecht...
José de Carvalho Filho: “(...) sempre nesta via de estar próximo, de aproximação, na expectativa sempre de [obter algum favor futuro]".
Após a doação, entretanto, o delator diz que não fez nenhum contato com a pessoa de Hugo Napoleão.
OUTRO DELATOR E O SISTEMA DROUSYS
O ex-governador pelo Piauí também foi citado por outro delator, o próprio Cláudio Melo Filho.
As doações foram registradas no sistema “Drousys”.
Esse sistema de informática era o utilizado pelo setor de propina da Odebrecht.
Era tão sofisticado, que “por questões de segurança” ficava situado na Suíça.
CASO REMETIDO AO PIAUÍ
O ministro Edson Fachin, em virtude de Hugo Napoleão não ter foro privilegiado, encaminhou o caso para a Justiça Federal no Piauí e para a Procuradoria da República no Piauí.
DELATORES APRESENTARAM DOCUMENTOS
Em sua decisão, o magistrado também deixa claro que, quando do envio das delações premiadas aos órgãos responsáveis no Piauí, também sejam remetidos "os documentos apresentados" que comprovariam os repasses via caixa 2.
Blogueiro: Por Rômulo Rocha - De Brasília/FONTE:180 GRAUS