paisagem é única! As águas que cortam dunas, espelhos d'água, mangues, ilhas fluviais, animais silvestres como capivaras e guarás, rios e praias com paisagens paradisíacas formam um cenário exuberante para o visitante do Delta do Parnaíba (a 330 km de Teresina), no norte do Piauí. O santuário ecológico possui população de 8 mil habitantes e uma área de mais de 27 mil hectares. Localizado entre os estados do Piauí e Maranhão, é o único delta das Américas e um dos três do mundo em mar aberto.
O delta integra o roteiro de turismo Rota das Emoções, formado ainda pelos Lençóis Maranhenses (MA) e Jericoacoara (CE). Uma iniciativa do Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) e Ministério do Turismo, que há mais de uma década uniu lideranças locais, empresários, empreendedores e entidades com o objetivo de divulgar e desenvolver o litoral dos três estados. Em 2009, o destino foi eleito o Melhor Roteiro Turístico do país, pelo Ministério do Turismo.
O passeio pelo arquipélago começa pelo porto dos Tatus, no município de Ilha Grande, a 9 quilômetros de Parnaíba, segunda maior cidade do Piauí, onde lanchas e barcos levam diariamente os turistas com guias capacitados para conhecer a região. Segundo a presidente da Câmara Setorial Territorial do Turismo da Rota das Emoções Piauí, Carina Câmara, o passeio pela costa do Delta é um roteiro inesquecível do Nordeste brasileiro, além de ser uma excelente opção para os amantes da vida selvagem.
“O Delta está super em alta para os turistas que buscam pelo ecoturismo, uma pesquisa nacional realizada pelo Ministério do Turismo revela que os três destinos principais mais procurados pelos turistas para 2018 vão ser Foz do Iguaçu, Chapada da Diamantina e Parnaíba”, revela Câmara, acrescentando que o estudo foi feito com base nos buscadores de ecoturismo mais procurados nos sites de viagem do país.


Outro fator importante para essa previsão, é devido as ilhas que ficam às margens do Delta, têm áreas de preservação ambiental e fazem parte da reserva extrativista marinha, atraindo os turistas que prezam por sustentabilidade e vida ecológica. No local, existem pousadas e restaurantes e toda infraestrutura para pessoas interessadas no ecoturismo.
A presidente da Associação Litoral Piauiense Covention & Visitors Bureau – (LPC&VB), que tem como objetivo divulgar os destinos turísticos do litoral e realização de eventos, destacou que a criação da Rota das Emoções, colocou o Piauí no mapa dos destinos de turistas que buscam por uma gastronomia deliciosa, ecoturismo, aventura, prais, culturas, artesanato e esportes, com a prática do Kitesuf, em Barra Grande.
Ainda de acordo com a agente de viagem, o investimento realizado para conhecer toda a Rota das Emoções, custa em média de R$ 2.300 a R$ 3,000, por pessoa. “A Rota é um produto personalizado, o turista não é obrigado a nenhuma programação fechada, ele tem a opção de montar como quiser. Cada cliente pode montar sua viagem de acordo com o tempo que quer permanecer e no que pretende conhecer, seguindo o seu perfil”, disse.
Litoral como destino turístico inteligente
A Rota das Emoções contempla ao todo 14 municípios entre os estados do Piauí, Ceará e Maranhão, que através do turismo tiveram o desenvolvimento econômico através da atuação dos empresários e atrativos das suas regiões. Ao longo dos últimos anos e através das parcerias já foram trabalhados diversos pontos para divulgar esses destinos, como a questão da comercialização, governança, cadeia de valor e agora o Sebrae começa a executar o projeto de destino turístico inteligente.


Élcio de Lima Nunes, analista técnico do Escritório Regional do Sebrae em Parnaíba, esclarece que o conceito do termo tem origem as cidades inteligentes que levam em consideração a competitividade, capital humano social, participação, mobilidade e a qualidade de vida, sendo os pilares principais a governança, experiência, tecnologia e desenvolvimento sustentável, que são os principais eixos estratégicos de atuação.
“Em 2017/2018, nós aprovamos um projeto junto ao Sebrae Nacional para trabalhar a abordagem de Destino Turístico Inteligente, para unificar a forma de abordagem do turismo na região e assim trabalhar projetos com recursos nacionais e utilizar os espaços da melhor forma possível”, disse.
O analista conta que no santuário ecológico do Delta do Parnaíba, foi feito toda uma roteirização, atuando com os empresários, estimulando a criação de associações, criação de consórcio envolvendo um convênio interestadual entre os três estados e a criação de uma agência de desenvolvimento regional. “No que se refere a experiência, já tivemos muitas ações ao longo desses anos, principalmente, no que se refere ao artesanato, cultura e outros pontos”, disse.
Para 2018, os investimentos devem acontecer nos setores de tecnologia e desenvolvimento sustentável, pois as características do projeto é de possuir espaço técnico inovador, dispor de tecnologia de ponta, valorização do capital humano, foco no desenvolvimento sustentável e gerenciamento dos recursos de forma eficiente.
“Nós vamos realizar uma consolidação desse destino para poder oferecer toda estrutura turística, interação, integração, qualidade e tecnologia inovadora para o turista que vai conhecer o roteiro da Rota das Emoções”, ponderou.
Arquipélago é fonte de renda para catadores
Além do turismo, uma das principais fontes de renda do Delta do Parnaíba é a cata e comercialização do caranguejo. De acordo com Élcio Nunes, do Sebrae Parnaíba, cerca de 2500 mil catadores de caranguejo, do sexo masculino, com faixa etária entre 18 a 80 anos de idade, atuam trabalham na região do arquipélago, responsável por abastecer grande parte da região do Nordeste, principalmente Fortaleza (CE). Por ano, nascem em torno de 20 milhões de caranguejo, contudo muitos deles acabam morrendo no transporte até o consumidor final.


“Nós realizamos várias ações junto aos catadores, como o Festival do Caranguejo, que foi pensado na valorização dos catadores, que não tinham uma autoestima pelo seu trabalho, mostrar a importância deles dentro do Delta, além de valorizar a carne do caranguejo através da gastronomia do evento”, disse.
Há cinco anos, o catador José Carlos, tira o sustento da sua casa através da cata do caranguejo na região do Delta do Parnaíba. “O serviço é bom, é melhor do que a gente trabalhar como empregado, porque eu que faço meus horários, venho no dia que quero. Logo após a cata, já vendo a corda no Porto dos Tatus, por uma média de R$ 5 a R$ 10”, disse.
O catador revela ainda que é preciso ter uma técnica para catar o caranguejo e é preciso ter cuidado para não pegar a fêmea. “A gente conhece pelo rastro e as pernas da fêmea não tem pelo. É proibido pegar a fêmea, porque assim elas param de produzir, porque uma fêmea produz cerca de 5 mil caranguejinhos”, afirmou.
Kitesurf é agente de transformação social
O médico Ariosto Ibiapina, investe e acredita no potencial turístico e esportivo do vilarejo de Barra Grande há mais de uma década. Ele montou uma pousada, se tornou empresário e um grande incentivador do esporte no litoral piauiense. A ideia era apenas ter um local para passar fins de semana com família e amigos, mas aos poucos e através do boca a boca, o empreendimento passou a ser destino oficial dos apreciadores de Kitesurf, esporte que Ariosto começou a praticar há 17 anos e que começou a se espalhar pelo Brasil na década de 90.





Os bons ventos e as condições geográficas favoráveis do local foram se espalhando pelo país e o mundo, atraindo cada vez mais praticantes. “Eu tinha um sítio, vivia aqui sempre e estou vivendo como cidadão, buscando dá o melhor de mim para que a comunidade se desenvolva da melhor forma sustentável”, declarou. Segundo Ariosto, uma das bandeiras dos kitesurfistas é a preservação do meio ambiente.
Aos poucos, o médico viu a prática do esporte como uma esteira de negócio que além de desenvolver e divulgar a região, também geraria renda e emprego para a população local, foi assim que abriu em sua pousada uma escola de kitesurf. “Enxerguei um mundo de negócios, o cara para fazer o transfer do kitista para a praia, as pousadas, os restaurantes, os instrutores para dar aula, concertos de kite, roupas e materiais de kite e houve sempre uma integração muito grande da comunidade com o kitista”, disse.
Aos poucos, o mundo começou a conhecer a região de Barra Grande que através do kitesurf passou a ser um agente de transformação social da região litorânea do Piauí, assim como também dos estados do Ceará e Maranhão, que compõe a Rota das Emoções.
“A praia é linda, todo mundo adora, mas ainda temos muitos desafios a enfrentar, o maior deles é o investimento público, principalmente no que se refere ao abastecimento de água, saneamento básico, coleta de lixo, saúde e serviço de comunicação e internet dessa região”, frisou.





Melhor região para a prática do esporte
Em 2014, a pousada do empresário e médico Ariosto Ibiapina, sediou o Campeonato Mundial de Kitesurf (PKRA), reforçando a importância da Barra Grande no cenário de kitesurf mundial. O instrutor Ivan Arthur, que há quatro anos abandou sua vida em São Paulo para viver no charmoso vilarejo piauiense, conta que as condições de Barra Grande são ideais para a prática do esporte, sendo considerada um dos melhores lugares no mundo para os iniciantes no kite.
“A Barra Grande possui uma das melhores estruturas tanto para o aprendizado, quanto para a prática, como para quem já sabe o kite, pois essa é uma região de ventos alísios, ou seja, constantes, que dependem da angulação e do movimento de rotação da Terra que iniciam em julho e vão até fevereiro e a geografia da praia forma uma baia que juntos, esses fatores, a prática do kite se torna segura, pois mesmo que você esteja a 2 km de distância, qualquer incidente que venha a acontecer os ventos te trazem de volta para a praia”, esclareceu.





Força de vontade e saber nadar são os pré-requisitos fundamentais para quem deseja se lançar na prática do kitesurf e viver altas aventuras em um esporte que já contagiou o mundo. “Na nossa escola, começamos a trabalhar com crianças entre 10 e 12 anos para começar a capacitação, mas isso é muito relativo. Em relação a média de tempo, uma pessoa precisa entre 10 e 15 horas-aula para estar apto de vivenciar o esporte sozinho”, finalizou.
Fonte:Meio norte